Caricaturas da alma humana

                Voltando de uma caminhada no calçadão da bela Praia de Pitangueiras no Guarujá trazendo em mãos a minha caricatura feita por um artista de rua pensei por um instante: paguei pro cara me zuar. Depois de algum tempo admirando o trabalho reconheci que aquilo era arte e arte nos encanta de todas as maneiras. Arte que por um momento me fez esquecer do desgaste de esperar o ônibus para o Guarujá, que nas suas paradas em locais onde o trânsito é disputado com caminhões faz com que a viagem seja mais demorada.
                 Chegando à Cubatão por volta das oito da noite me deparo com um aglomerado de pessoas, numa das ruas que corta o meu percurso de volta á casa. O motivo da aglomeração é logo percebido quando eu avisto parado em frente a uma residência, um desses veículos de telemensagens, que não sei se esse seria o nome mais apropriado, pois eles estão ao vivo no local. A animação chama a atenção, mesmo porque soltaram até fogos e aí me veio à seguinte reflexão: a necessidade do ser humano em mostrar ao mundo que está feliz, apesar das durezas que às vezes a vida nos prega. Pois também é possível ser feliz em silêncio, sem ninguém saber, pois isso não depende do aval de terceiros.
                  Seria esse comportamento tão comum na nossa sociedade de consumo, uma caricatura da alma humana¿ Pois a poucos metros dali pode haver alguém passando por um mau momento na vida, e essa comemoração toda pode parecer estranha para ele. Daí lembrei-me da vitória do meu time de futebol, o Santos, sobre o São Paulo e pensei que os são paulinos ao contrário de nós santistas ficaram muito tristes, mas que isso não tiraria o direito dos santistas comemorarem.
                  Tive outra recordação que foi a dos jovens que adoram dirigir pela cidade com o som nas alturas e tocando músicas com letras ofensivas para que não seja fã do gênero. Numa clara demonstração de euforia, onde nitidamente o incômodo causado aos outros seria o grande motivador. Há várias maneiras de demonstrar alegria, felicidade, mas a intensidade que empregamos para externá-las pode não passar de uma caricatura que não tem muito a ver com a realidade.



Comentários

  1. Bela reflexão!
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